nav-left cat-right
cat-right

Um homem segundo o coração de Deus

O profeta Samuel e DavidLemos no velho testamento, mais especificamente no livro de 1 Samuel, que Deus mandou Saul destruir o Ameleque e tudo o que ele possuía. A palavra de Deus diz que Saul desobedeceu aquilo que Deus ordenara e destruiu apenas aquilo que era vil e desprezível. Saul Poupou Agague, rei dos amalequitas e o melhor do gado, ovelhas, melhor que havia. Depois que ele poupou desobedecendo a Deus, ofereceu a Deus aquilo que sobrara…

Então ele queria cultuar a Deus com desobediência, com pecado – a bíblia diz (1Sm 15.22) “Tem porventura Deus prazer em holocaustos e sacrifícios, quanto em que se obedeça a sua palavra – obedecer é melhor do que sacrificar – rebelião é como pecado de feitiçaria – obstinação é como culto a ídolos – rejeitou a palavra, rejeitou a Ti.

Os quatro pecados de Saul foram a desobediência, revolta, teimosia, rejeição. E mesmo assim ele queria colocar-se diante de Deus; e Ele o rejeitou.

E a palavra diz , no capítulo 15 do mesmo livro,que Saul é rejeitado e no capítulo 16, Deus manda o profeta Samuel ir a casa de Jessé para ungir outro rei. E disse o Senhor (Sm 16.6): “O senhor não vê como o homem vê, o homem vê o exterior, mas Deus vê o coração”. E a bíblia diz que Jessé fez passar os 7 filhos diante de Samuel. E Deus disse: “Não é nenhum desses aí”. Samuel questiona: “Não tem mais nenhum por aí?” Jessé respondeu: “Existe o mais moço que está apascentando ovelhas”. E disse Deus a Samuel: “É esse!”. Um jovem… um adolescente!

No versículo 13 lemos que Samuel tomou o chifre do azeite e ungiu no meio dos seus irmãos e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apossou de Davi.

Porque Davi foi um homem segundo o coração de Deus? Quais são as características de um homem, mulher, ser humano, pessoa, jovem ou adolescente adolescente para agir segundo o coração de Deus? Marcas inconfundíveis, fundamentais?

1) Cheio do Espírito Santo. Cheio do poder – luz de Deus, unção – poder que o capacita, ilumina, consola, fortalece, instrui, faz amar a Deus acima de todas as coisas. Nós vimos que Deus ungiu Davi e a partir daí o Espírito se apossou dele. Davi não apenas possuía o Espírito, mais o Espírito possuía Davi. Havia ali unção, alegria, determinação, energia do céu de um Deus todo poderoso agindo no seu coração.

Davi foi segundo o coração de Deus por que era fiel nas pequenas coisas. Se você quer fazer grandes coisas, seja fiel nas pequenas. Se você quer ser usado com poder na frente dos outros, busque o poder quando ninguém está olhando… lá no escurinho, lá com os amigos do mundo, lá onde ninguém vê… Qual o seu testemunho? Tem gente infelizmente dando por aí um TRISTEMUNHO.

Deus nunca vai te colocar pra fazer grandes coisas se você é omisso, infiel, desobediente nas pequenas determinações e trabalhos que Deus coloca diante da sua vida.

A bíblia diz que Davi era fiel apascentando ovelhas, cuidando. E diz que Deus o ungiu com poder do alto para capacitação da obra. Ninguém pode ser segundo o coração de Deus se esse mesmo Deus não habitar em sua vida em toda a plenitude. Eu creio que uma das maiores perdas da igreja hoje é a perda da plenitude espiritual. O Espírito Santo veio para ficar pra sempre conosco e nos guiar em toda a verdade. Ele nos guia. Muitas pessoas que sentam nos bancos das igrejas hoje se guiam sozinhas.

Nós vimos que Davi foi ungido pelo poder do ES. E quando nós não somos ungidos pelo poder do ES não temos poder contra o pecado – alegria – paz – determinação – força pra agir, pregar, testemunhar, viver aquilo já determinou pra nossa vida…

A palavra de Deus diz que Davi foi ungido – é a primeira e grande perspectiva de uma vida pra ser usada pelo Senhor. Deus já conhecia a Davi – Se Davi dependesse dos outros pra ser ungido, jamais isso aconteceria!

Até o pai de Davi nunca podia imaginar que Deus iria usa-lo. Nem sequer o chamou! Samuel teve que perguntar: “Tem mais alguém?”

Pode ser você meu irmão que todo mundo já perdeu a esperança – família, amigos, igreja, presbitério, você mesmo!!

Mas Deus não perde a esperança que tem em você em nome de Jesus… por menor que seja – de fato muito simples! Deus pode fazer de você um homem, jovem ou adolescente segundo o Seu coração.

Davi era simples – tão simples que o pai nem o chamou se não fosse mandado pelo profeta. Os irmãos não o consideravam, mas Deus o considerava.

Quero falar pra você que Deus te conhece – e Deus quer ungir vc, capacitar vc com toda a plenitude do Espírito Santo! Deus sabe se você é fiel nas pequenas coisas ou não. Se você for, ele vai te dar grandes coisas.

2) Davi o adorava em espírito e em verdade; oferecia a Deus o perfeito louvor e adoração. Ele não apenas tocava, cantava, falava com a voz – ele adorava – falava com o coração.

A bíblia diz em 1 Samuel 16 “Saul era atormentado por um espírito maligno do diabo. Buscai um homem que saiba tocar harpa. Tem que ser ungido, tem que ser de Deus”. No versículo 18: “conheço um homem que sabe tocar. É forte e valente, homem de guerra, sisudo em palavras e de boa aparência; O SENHOR É COM ELE.”

Amados, Davi já estava sendo reconhecido pelo louvor e adoração que ele prestava a Deus. Pela sua vida, santidade, pureza, determinação e habilidade.

Quando Davi começava a tocar harpa havia libertação. Os espíritos se retiravam para bem longe, não agüentavam o louvor, ungido, habilidoso, santo, que partia do coração. O poder não estava na harpa, o poder estava em quem tocava a instrumento!

Davi tocava, o espírito se retirava, Saul era aliviado, Deus era louvado – segundo o coração de Deus. Davi foi um instrumento de libertação das pessoas.

Pra você ser segundo coração de Deus é a sua vida que louva a Deus. Não são os instrumentos, a voz, a coreografia, a postura, não… é a sua vida – seu coração.

A palavra diz que onde Davi adorava o nome de Deus era exaltado.

Um pastor conta que esteve pregando em Irecê na Bahia, em um ginásio repleto de gente com várias bandas. Muito barulho realmente. Passaram o violão para um servo de Deus… uma pessoa que ninguém conhecia. Começou a adorar a Deus, glorificar a Jesus – de repente mudou o clima: o povo começou a adorar a Deus! Havia uma presença do Senhor ali, no meio do povo… unção pura! Unção é poder de Deus derramado em nossas vidas que nos capacita a sermos segundo o seu coração. O primeiro conjunto apresentou: foi um show! Havia habilidade; mas não havia sensibilidade e unção. Precisamos no louvor de unção! Poder de libertar o povo.

O homem segundo o coração de Deus quando louva, louva com a vida, santidade. Não só aqui na frente, mas aí no banco também. Quando você louva, canta, toca, você realmente faz de coração?

A vida de Davi fazia diferença

Eu espero que vc saia daqui hoje abençoado, em nome de Jesus…



Publicado por Pastor Claybom, pai apaixonado, nerd como marca de nascimento, geek por paixão, adorador por excelência. Enfim, um servo de Deus que tenta entender tudo o que Ele nos oferece no dia a dia.



8 Comentários para “Um homem segundo o coração de Deus”

  1. […] mandou Saul destruir o Ameleque e tudo o que ele possuía. A palavra de Deus diz. fique por dentro clique aqui. Fonte: […]

  2. ANDREZA PEREIRA BARBOSA disse:

    TERRIVEL ESSE ESTUDO ME AJUDOU MUITO E ABRIU MEUS OLHOS ME ENSINOU A SER UM VERDADEIRO ADORADOR

  3. ivonete disse:

    eu digo trêmendo me ajudou muito,glória a DEUS.

  4. nilceia disse:

    no texto o Sr. diz que Saul era atormentado por um espírito maligno do diabo.Mas li em 1 Sm,16,14 diz”Tendo-se retirado de Saul o espírito do Senhor, da parte deste um espírito malígno o atormentava.” entendi( que um espírito malígno da parte de Deus atormentava Saul).Pastor claybom gostaria muito que o Sr me explcasse isso.
    Não estou questionando a palavra de Deus nem duvidando de suas explicações é que não consegui entender isso.
    Muito obrigado desde já e que deus continue te abençoando.

  5. denilton c. varejao disse:

    O comentario foi bom,mas umacoisa que é muito interessante na vida de DAVI,apesar dos seus erros,é que ele estava de pronto para serir a DEUS eo povo.Não é atoa que da sua semente nasceu o salvador do mundo,JESUS CRISTO,que não veio ser servido e sim servir a humanidade.QUEM NÃO SERVE PARA SERVIR NÃO SERVE PARA SER SERVIDO.

  6. raimundo disse:

    para sabermos o por que, como davi foi chamado por Deus, um homem segundo o seu coração, basta lermos todos os salmos de autoria deste homem de Deus. Com certeza tiraremos a conclusão de que poucos se dirigiam a deus como ele.Davi usava palavras muito lindas realmente ele sabia como ninguém agradar,fazer o Senhor sorrir, fazer o Senhor se sentir bem com a sua adoração.
    Um exemplo é salmo 119,neste salmo davi mostra o quanto ele amava servir ao senhor o quanto ele almejava está sempre na presença do senhor mesmo na tribulação, sendo pequeno e desprezado contudo os mandamentos do Senhor era seu prazer. Pastor Claybom este site é muito bom gostei muito deste comentário realmente são palavras de um homem que conhece as escrituras.

  7. monica disse:

    tenho certeza que depois de ler essa mensagem de Deus,irei buscar a Ele com mas vondade pois quero ser segundo o coraçao de Deus…

  8. Edson Tavares disse:

    rûªH e Saul em 1 Sm 16,14-23

    breves lições de exegese

    Osvaldo Luiz Ribeiro

    1. Tradução de 1 Sm 16,14-23

    14 E (o) espírito de Yahweh apartou-se de Sha’ul, e o atormentava um espírito mau da parte de Yahweh.15 E disseram os servos de Sha’ul a ele: “Eis, por favor, um espírito de Deus mau atormenta-te. 16 Que mande, por favor, nosso senhor teus servos de diante de ti buscarem um homem que saiba tocar com a cítara, e será que, estando sobre ti um espírito de Deus mau, e (ele) toca com sua mão, então é bom para ti”. 17 E disse Sha’ul aos seus servos: “Vede, por favor, para mim um homem que toque bem, e trazei para mim”. 18 Respondeu um dos servos e disse: “eis que vi um filho de Yishay, o belemita, que sabe tocar, (é) um valente guerreiro, e (é) um homem de guerra, e (é) bom de palavra, e (é) um homem de aparência, e Yahweh (é) com ele. 19 E enviou Sha’ul mensageiros a Yishay e disse: “Envia-me David, teu filho, que (está) no rebanho. 20 E tomou Yishay uma medida[1] de pão e um odre de vinho e um cabrito de cabras de uma vez[2] e enviou pela mão de David, seu filho, a Sha’ul. 21 E foi David a Sha’ul e permaneceu diante dele. E (ele) o amou muito, e o tornou escudeiro. 22 E enviou Sha’ul a Yishay, dizendo: “Que permaneça, por favor, David diante de mim, porque encontrou graça aos meus olhos. 23 E era que vindo um espírito de Deus a Sha’ul, então tomava David a cítara e tocava com sua mão, e acalmava-se Sha’ul, e (era) bom para ele, e apartava-se de sobre ele o espírito mau.

    2. Esquema das ocorrências de rûªH em 1 Sl 16,14-23

    Verso 14a

    hw”hy> x;Wr

    espírito de Yahweh

    Verso 14b

    hw”hy> taeme h[‘r’-x;Wr

    espírito mau da parte de Yahweh

    Verso 15

    h[‘r’ ~yhil{a/-x;Wr

    espírito de Deus mau

    Verso 16

    h[‘r’ ~yhil{a/-x;Wr

    espírito de Deus mau

    Verso 23a

    ~yhil{a/-x;Wr

    espírito de Deus

    Verso 23b

    h[‘r’h’ x;Wr

    o espírito mau

    Em 1 Sm 16,14-23, a palavra hebraica para espírito aparece em seis expressões, conforme o gráfico acima permite observar. Essas seis expressões referem-se a duas grandezas diferentes. A primeira grandeza é rûªH Yahweh (espírito de Yahweh) e encontra-se sozinha em 14a. Todas as outras cinco expressões se referem à outra grandeza, que se poderia resumir numa expressão simplificada: espírito mau.

    Neste artigo, a grandeza rûªH Yahweh não será comentada. O objetivo deste breve estudo é analisar as cinco expressões que em 1 Sm 16,14-23 se referem a espírito mau. Com isso, pretende-se tentar compreender um pouco do conceito que o autor do texto tinha a respeito de espírito(s) mau(s).

    3. Quem fala em 1 Sm 16,14-23

    Devemos começar fazendo uma distinção importante em termos de leitura. No texto, tanto o próprio narrador se refere a espírito mau, quanto faz personagens da narrativa também se referirem a ele. O próprio narrador usa as seguintes expressões: espírito mau da parte de Yahweh; espírito de Deus e o espírito mau. E o narrador faz os servos de Saul usarem duas vezes a expressão espírito de Deus mau.

    a) falam os servos de Saul

    Comecemos nossa análise pela fala dos servos de Saul. Na língua original, tanto mau quanto espírito são palavras de gênero feminino. Isso nos ajuda a perceber que a expressão espírito de Deus mau constitui-se de um substantivo composto (espírito de Deus) e um adjetivo (mau). A expressão não quer dizer um espírito de um Deus mau, mas um espírito mau de Deus. A rigor, esse espírito que atormenta Saul é um espírito de Deus, e é mau.

    Dessa primeira análise, devemos concluir que os israelitas (pelo menos esses servos de Saul e provavelmente o narrador de 1 Sm 16,14-23) acreditavam na existência de espíritos maus de Deus. A conclusão pode se basear no fato de que as palavras desses servos soam como palavras de quem conhece essas coisas. O tormento de Saul devia ser comum, e o povo devia ter suas receitas populares para lidar com coisas desse tipo.

    Poderíamos, contudo, imaginar que o narrador do texto não estaria necessariamente endossando essa concepção popular de que existiriam espíritos maus de Deus que atormentam pessoas, e que podiam ser enxotados com música de cítara. O narrador estaria apenas citando o conselho dos servos de Saul, sem comprometer-se com ele. Porém, também a fala do narrador leva-nos a concluir que também ele admite a existência de espíritos maus da parte de Yahweh.

    b) fala o próprio narrador de 1 Sm 16,14-23

    O narrador começa o texto dizendo que rûªH Yahweh apartou-se de Saul (14a) e que “o atormentava um espírito mau da parte de Yahweh” (14b). Com uma expressão diferente de espírito de Deus mau, o narrador refere-se à mesma grandeza: um espírito mau da parte de Yahweh. Bastasse esse verso, estaríamos com evidências suficientes para compreender que se tratava de crença comum então a existência de espíritos de Deus maus e que tais espíritos podiam atormentar pessoas.

    Há porém mais uma evidência, ainda, e a mais interessante. Trata-se do verso 23. Ali, duas expressões diferentes encontram-se mutuamente relacionadas, e descrevem a mesma grandeza. Refiro-me às expressões espírito de Deus (23a) e espírito mau (23b). Nesse verso, duas coisas acontecem:

    a) primeiro, o narrador confirma a receita que os servos apresentaram a Saul – um bom tocador de cítara seria capaz de afugentar o espírito de Deus mau (16). Com efeito, quando David toca a cítara, o espírito mau aparta-se de Saul (23b).

    b) segundo, o narrador coloca em paralelismo sintático as expressões espírito de Deus e espírito mau. O texto do verso 23 diz que quando um espírito de Deus vinha sobre Saul (para o atormentar), David tocava a cítara, e (esse) espírito mau (que viera atormentá-lo) apartava-se.

    Podemos concluir, portanto, a) que o texto fala de um espírito mau; b) que esse espírito mau provém de Deus (fala-se dele como um espírito mau da parte de Yahweh e como um espírito de Deus mau); c) que esse tipo de espírito de Deus mau costuma atormentar pessoas e d) que um remédio contra esse tormento é uma boa audição de cítara.

    Como compreender o fato de que 1 Sm 16,14-23 refere-se a espírito(s) de Deus mau(s)?

    4. Pensando sobre espírito(s) de Deus mau(s)

    O fato de 1 Sm 16,14-23 tratar esse espírito mau como um espírito mau da parte de Yahweh ou como um espírito de Deus mau deve fazer-nos supor que esse texto tenha sido escrito em algum período anterior à hegemonia dos persas no Próximo Oriente Antigo[3]. Foi depois do cativeiro que Israel teve contato com a religião persa, adquirindo assim um conceito diferente de espíritos maus.

    O encontro com a religião persa deu oportunidade aos israelitas de reformularem dois conceitos tradicionais: primeiro, que Deus era o autor tanto do bem quanto do mal; e segundo, que os espíritos maus eram espíritos de Deus. Essa reformulação que é tanto teológica quanto religiosa e cultural pode explicar a seguinte questão: por que 2 Sm 24,1 afirma que teria sido o próprio Yahweh que teria incitado Davi a fazer o recenseamento do povo, enquanto 1 Cr 21,1 afirma que teria sido um satã? Observe as duas tradições:

    2 Sm 24,1

    E continuou a ira de Yahweh a irar-se contra Israel,

    e incitou David contra eles, dizendo:

    “Vai, conta Israel e Judá”.

    1 Cr 21,1

    E permaneceu um satan sobre Israel e incitou Davi a contar Israel

    Enquanto 2 Sm 24,1 afirma que “a ira de Yahweh (…) incitou Davi”, 1 Cr 21,1 corrige a afirmação, dando-nos conta de que o responsável pelo recenseamento teria sido um satan[4]. Essa mudança de perspectiva[5] explica-se pelo fato de que os textos foram escritos por autores diferentes e numa época bastante diferente: 2 Sm 24,1, no período monárquico, antes da influência da teologia dualista dos persas. 1 Cr 21,1, por sua vez, no período pós-exílico[6]. A reflexão teológica de 1 Cr 21,1 deixa transparecer o resultado do encontro entre a cultura israelita e a persa.

    Os persas criam na existência de duas grandezas equivalentes: o bem e o mal[7]. Cada grandeza era representada por uma divindade com poderes equivalentes, e cada uma delas se fazia acompanhar por uma série de auxiliares: à divindade boa equivaliam auxiliares bons; à divindade má, correspondiam auxiliares maus. O universo persa é diariamente palco de uma luta entre o sumo bem e o sumo mal. É um universo dualista.

    O universo israelita antes do contato com os persas era monista. Tanto o bem quanto o mal se concentravam na mesma divindade. Yahweh podia tanto fazer o bem quanto o mal, tanto havia espíritos de Yahweh bons quanto espíritos de Yahweh maus. Os espíritos de Deus podiam comportar-se tanto bem quanto mal. É por isso que 1 Sm 16,14-23 trata naturalmente e sem qualquer problema de consciência aquele espírito mau (23b) como um espírito de Deus mau (15 e 16), chegando mesmo a tratá-lo como um espírito de Deus (23a).

    Depois do encontro entre as culturas israelita e persa, o povo de Yahweh refletiu sobre a questão do mal e sua relação com Yahweh. O resultado não foi a adoção do dualismo, mas uma adaptação do dualismo persa ao monismo javista[8]: o mal provém dos espíritos maus, que são adversários de Yahweh. Não é mais o próprio Yahweh que faz o mal acontecer, mas são os espíritos maus os seus responsáveis. Os israelitas não admitiram a existência de um mal que se comparasse a Yahweh. Esse satan não foi pensado como um deus rival, mas como um espírito mau.

    O fato de o povo de Yahweh ter refletido na questão do mal e na sua relação com Yahweh levou-o a rever algumas de suas tradições, que se haviam desenvolvido na época passada, quando Israel cria que tanto o bem quanto o mal eram causados por Yahweh. Agora que refletiram à luz da cultura persa e parece terem chegado à conclusão de que o mal seria causado pelos espíritos maus, e não por Yahweh, reconhecem que algumas antigas tradições deveriam ser revistas. Uma delas é a antiga tradição que considerava o próprio Yahweh culpado pela contagem de Israel e Judá que Davi fizera (2 Sm 24,1). Agora parece que os israelitas entenderam que não fora Yahweh que incitara Davi, mas um adversário, um espírito mau, um satan (1 Cr 21,1).

    5. Conclusão

    Através dos textos bíblicos, podemos tomar conhecimento dos conceitos que o povo de Yahweh tinha a respeito de diversas expressões de sua cultura, religião e teologia. O conceito de espírito mau em 1 Sm 16,14-23 representa um estágio pré-exílico da teologia israelita, quando o povo de Yahweh cria em espíritos de Deus maus, porque cria que tanto o bem quanto o mal vinham de Yahweh. Com o encontro entre Israel e os persas, os espíritos de Deus maus emancipam-se. O povo de Yahweh passa a imaginá-los como adversários de Yahweh e verdadeiros responsáveis pelo mal.

    Se o conceito de espírito mau em 1 Sm 16,14-23 reflete o estágio em que o pensamento teológico de Israel se encontra quando esse texto é escrito, então devemos nos perguntar se a expressão que deixamos de lado também deveria ser compreendida à luz desse mesmo estágio. Assim, se Israel se referia a espíritos de Deus maus a partir de sua compreensão teológica, devemos imaginar e compreender que quando falavam de espírito de Yahweh era também a partir de sua compreensão que falavam.

    Assim, um estudo sobre as expressões espírito de Deus e espírito de Yahweh no Antigo Testamento exige que estejamos, primeiro, dispostos a muito trabalho, porque as ocorrências passam da casa dos trezentos[9], e, segundo, dispostos a ouvir e compreender o que o povo de Yahweh tinha a dizer sobre rûªH ´élöhîm e rûªH Yahweh, e como podemos compreendê-los com toda sinceridade cristã.

    Notas

    [1] Segundo o aparato crítico da Bibia Hebraica Stuttgartensia, um gomer (cf. Os 3,2); na BJ, propõe-se hamishah: cinco pães.

    [2] Segundo SCHÖKEL, Dicionário Hebraico-Português, p. 39: “como advérbio: (de) uma vez, do mesmo modo, igualmente, à uma”.

    [3] Cf. DONNER, H. História de Israel e dos Povos Vizinhos. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 1997. p. 443-489.

    [4] SCHÖKEL, Dicionário, p. 641: “!j’f’ [satan]: adversário, contrário, opositor, contendente”.

    [5] Cf. CARUS, P. The History of the Devil and the Idea of Evil. New York: Gramercy Books, 1996. p. 70.

    [6] Já em 1908 os livros de Crônicas eram datados “não muito antes de 300 a.C” (DUMMELOW, J. R. (ed) The One Bible Volume Commentary. New York: Macmillan Publishing Company, 1936. p. 248.

    [7] Cf. ELIADE, M., COULIANO, I. P. Dicionário das Religiões. São Paulo: M. Fontes, 1995. p. 277-285.

    [8] Cf. ELIADE, M. História das Crenças e das Idéias Religiosas. De Gautama Buda ao triunfo do Cristianismo. Das provações do judaísmo ao crepúsculo dos deuses. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. p. 35.

    [9] A palavra hebraica para espírito, rûªH, ocorre cerca de 352 vezes no Antigo Testamento. Algumas dessas ocorrências estão tratadas em minha homepage http://www.ouviroevento.hpg.com.br.

  9. Leonan Souza disse:

    muito bom este estudo uma benção em minha vida.q vc Seje sempre este candelábro nas mãos de Deus

Deixe seu Comentário