Quando um brasileiro como eu chega em um lugar novo, o primeiro sentimento é de observar antes de fazer, pedir ou comprar qualquer coisa. Um detallhe que começou a me chamar bastante atenção foi a questão de ordem de atendimento EM QUALQUER LUGAR QUE VOCÊ POSSA IMAGINAR. Tudo e todos aqui, são atendidos indistintamente por senha. Não importa se você tem 9 ou 65 anos, retire uma senha para ser atendido. Onde? Em uma farmácia, um armarinho, um talho (é como se chama açougue aqui), ou no balcão de frios do mercado – isso mesmo: até dentro do supermercado!
Aqui o respeito existe e é mútuo. Aqui você ouvir “com licença”, “me desculpe”, “por favor” é fato comum. Dificilmente você ir esbarrar em outra pessoa e ela mais do que imediatamente não lhe pedir desculpas. Assim como em uma estrada as pessoas se mantem em um lado e mantém o outro livre para quem está com pressa ou está vindo no sentido contrário – como se estivessem de carro. E estamos falando de pedestres mesmo!!
A confiança no cliente aqui existe de verdade. O transporte público aqui funciona com auto atendimento. Você compra um cartão de transporte como esse abaixo e carrega ele com um valor qualquer – 10 euros por exemplo. E consegue andar em qualquer transporte: autocarro (ônibus), metro (se pronuncia métrô), comboio (trem) ou barco. O interessante é que no ônibus você fala para onde vai ou escolhe a tarifa do percurso e desce no local… mas se você pagar a tarifa mais barata e descer no ponto mais distante, não tem como te pegar. E quem engana o motorista? Ninguém! No comboio, você valida seu bilhete e sobe para a estação… e não passa nenhuma roleta, simplesmente sobe. Eu subi na estação para tirar fotos… e me senti constrangido pois não tinha validado o bilhete. Ninguém aqui quer enganar o orgão competente! E isso é muito bom!
Só para ter uma noção da confiança do cliente aqui vou relatar o que aconteceu comigo essa semana. Fui almoçar em um restaurante em Lisboa e quando fui pagar vi que estava sem dinheiro na carteira e saquei o cartão do banco para pagar. A atendente virou para mim e me disse que a máquina do multibanco estava com problema que só estava aceitando dinheiro. Com aquela cara de “caramba, e agora como vou fazer” me virei e falei que não tinha dinheiro. Ela, simplesmente virou para mim e disse: “Não se preocupe, depois o senhor passa aqui e paga.” – Hein?!?!? Ela nunca me viu antes!! Nunca almoçei naquele lugar! Ela simplesmente confiou que eu iria voltar e pagar pois tinha almoçado lá! Procurei uma máquina de autoatendimento do banco, saquei o dinheiro e voltei lá correndo. Ela pareceu assustada quando me viu e falou “Mas já?”. Não estou acostumado com esse tipo de confiança.
É muita coisa para se falar… a cada dia que passa, me apaixono mais por este lugar.
Publicado por Pastor Claybom, pai apaixonado, nerd como marca de nascimento, geek por paixão, adorador por excelência. Enfim, um servo de Deus que tenta entender tudo o que Ele nos oferece no dia a dia.