Ao decepcionar-se numa igreja, o crente vai em busca de outra. Nas grandes cidades, detecta Romeiro, há um contingente significativo de evangélicos que circulam, constantemente, de igreja em igreja, constituindo o fenômeno que os sociólogos chamam de “trânsito religioso”.
A tese de Romeiro está descrita em trabalho de doutorado em teologia. A tese foi transformada em livro e deverá ser lançado entre abril e maio sob o título Decepcionados com a graça – Esperanças e frustrações no Brasil neopentecostal, pela editora Mundo Cristão.
O “nômade da fé”, descreveu Romeiro na entrevista à Eclésia, busca respostas imediatas aos problemas, “uma vez que vivemos na era da velocidade. Se as respostas não chegam rápido, o sujeito procura uma nova igreja”.
E o que essas pessoas que são atraídas às igrejas neopentecostais buscam? Que fiquem ricas, sejam curadas de todo tipo de doença e que todos os seus problemas sejam resolvidos, desde a falta de dinheiro até a falta de emprego. Essas são promessas da teologia da prosperidade, que propõe banir a pobreza, a doença.
O problema não está na prosperidade, mas na teologia, assinalou Romeiro. Para a teologia da prosperidade, o crente “deve morar em mansão, ter carrões, muito dinheiro e nunca ficar doente. Quando isso não acontece, é porque ele está sem fé, em pecado ou debaixo do poder de Satanás”, explicou o pastor da Igreja da Trindade.
Romeiro mudou a lógica no argumento: “Ora, se formos avaliar a vida espiritual de uma pessoa pela casa onde mora ou pelo saldo bancário, temos que concluir que muitos jogadores de futebol e artistas têm uma comunhão com Deus fora do comum. E isso não é verdade”.
Hoje em dia, analisou o pastor, as pessoas na igreja funcionam na base da emoção, e não pela reflexão. A teologia da prosperidade e todo esse clima de emoção têm forte apoio na mídia, um instrumento que as igrejas neopentecostais sabem trabalhar muito bem.
“Creio que o fator principal que garante a sobrevivência do movimento neopentecostal é o seu investimento pesado na mídia e o seu sucesso em colocar a igreja no mercado e as políticas do mercado na igreja”, avaliou Romeiro na entrevista à Eclésia.
Isso ainda vai durar algum tempo, representando crescimento dos principais grupos neopentecostais no Brasil. Mas não têm mais o mesmo ímpeto que tinha no passado.
Romeiro entende que, “na medida em que os adeptos vão se decepcionando com a mensagem e a falta de ética de alguns segmentos neopentecostais, creio que haverá uma volta à Bíblia por parte de muitos. Por isso, as igrejas cristãs devem estar preparadas para receber e ajudar tais pessoas”, recomendou.
Na entrevista, Romeiro também questionou o fato de mais e mais pessoas se converterem e a situação da nação brasileira ficar cada vez pior, basta analisar os casos de violência, o tráfico de drogas, que estão “fora do controle das autoridades”. Que Evangelho é esse que não afeta a sociedade para melhor nem transforma pecadores em santos? – pergunta.
O neopentecostalismo, definiu, é “vigoroso na sua ação evangelizadora, na capacidade de agrupar pessoas, mas frágil na sua ação disciplinadora”.
Autor: Paulo Romeiro
Graça e Paz!
Publicado por Pastor Claybom, pai apaixonado, nerd como marca de nascimento, geek por paixão, adorador por excelência. Enfim, um servo de Deus que tenta entender tudo o que Ele nos oferece no dia a dia.
Paz, querido. Li seu post e vi alguns erros no texto do Romeiro.
O maior erro de pessoas que falam sobre esse assunto é generalizar em todos os lados.
Por exemplo, como podem colocar que as pessoas mudam de igreja somente no âmbito de estarem atrás de mensagens rápidas, que vá satisfazê-las?
Por que líderes nunca falam de líderes? Líderes nunca pedem perdão, mas querem que as ovelhas se humilhem pedindo a eles, mesmo estando errados.
Hoje eu vejo + pessoas mudando de igreja por causa da falta de amor, justiça e caráter de líderes do que qualquer outra coisa.
Outro erro: colocar as igrejas neopentecostais tudo no mesmo patamar, como se todas fossem Universal ou Mundial do Poder….
Conheço igrejas neopentecostais onde os jovens adoram a Deus com tanto amor do que nas pentecostais, onde ficam sentados, conversando. Sem reverência nenhuma.
Sou de uma igreja pentecostal, assembléia, só p/ deixar claro e mudei de igreja 1 vez(por causa de liderança mentirosa).
Alguns críticos falan dos neo como se a palavra não fosse pregada.. isso é mentira! Em algumas pode até ser…. + não podemos generalizar.
Quando evangelizo e converso com desviados (q ñ são poucos), 100% eram de igrejas PENTECOSTAIS.
Nunca conversei com um batista ou um Presbiteriano desviado.
Outra coisa, prosperidade é em todas as áreas, ñ significa que é só financeira.
Concordo que tem algumas neo ou ñ tem palavra ou só falam em dinheiro, + ñ podemos falar que todas só falam em dinheiro.
Como é um erro FEIO falar q todos q mudam de igreja é só p/ buscarem palavras água-com-açúcar.
Queria que Deus levantasse um João Batista nesta geração pq ele falava com líderes e com ovelhas. Hoje, muitos líderes só apontam os erros das ovelhas, pq muitos se consideram superiores. Enquanto isso a igreja do Senhor vai sofrendo…
Deus abençoe e nos perdoe.
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O pior é a igreja onde o Pastor prega que o líder não pode ser contestado.