nav-left cat-right
cat-right

RESAR #14 – O Auto da Compadecida

Este é o RESAR, a Relação Entre Schias, Arte e Religião, de volta para sua segunda temporada!
Serão mais 12 textos, seguindo o preceito da coluna: analisar obras de arte com a religião e uma pitadinha de minha mentalidade insana.


– Não sei… só sei que foi assim!

Durante as férias entre a primeira temporada e esta segunda, meu amigo Diego me perguntou sobre Lúcifer, e então a conversa que tive com ele e depois a conversa que tive com Laila Flower me ajudaram a elaborar como seria esse texto.
Melhor ainda, peguei uma obra nacional, o que impede qualquer pessoa de dizer que nunca entendeu o idioma.

O Auto da Compadecida é uma história ligeiramente antiga, praticamente uma lenda folclórica que fala sobre o eterno combate entre o Bem e o Mal e as pessoas, os  humanos, que sofrem com isso e ao mesmo tempo são amados por Deus. Já virou filme várias vezes, e a mais destacável é a versão dos Trapalhões. Acho que é o filme mais sério dos Trapalhões até hoje. A Globo Filmes produziu uma versão cinematográfica e, como de costume, grava material a mais para que depois também seja exibido como minissérie durante uma semanana Rede Globo. Pegou alguns dos melhores atores do país para a empreitada. Foram eles: Diogo Vilela, Denise Fraga, Lima Duarte, Marco Nanini, Matheus Nachtergale, Virginia Cavendish e Selton Mello.
Na história, Chicó e João Grilo são dois homens que vivem tentando ganhar a vida e, ao mesmo tempo, conquistar alguma mulher, mas a única que lhes dá atenção é Dora, uma senhora já casada. Chicó ainda tenta se engraçar com a mais bela moça da cidade, mas seu pai quer que ele pague o dote, então ele acaba se metendo com Severino, um cangaceiro que  acaba matando João Grilo, o casal, o Padre e o Bispo.

MAS E A RELIGIÃO?

Aí é que tudo começa a ficar bacana!

Os cinco vão parar em uma espécie de tribunal, com Jesus como Juiz. O Diabo surge como Promotor, pronto para condená-los ao Inferno pela eternidade. Porém, João Grilo, antes de morrer, recorreu a Maria, Mãe de Jesus, e ela entra em cena como advogada de defesa.
Começa então o julgamento, mostrando os erros de cada um em vida, mas Maria ajuda a dizer também as qualidades de cada um.
Ela também fala sobre como o povo no Nordeste acaba sendo obrigado a se virar quando mora no Sertão, já que não possui muitas chances de conforto, quanto mais de comida. A obra então é um retrato claro de como o brasileiro é esquecido pelos políticos e deixado à própria sorte.

Jesus, aqui, é negro, e João Grilo até estranha isso, mas fato é que a imagem imortalizada de Jesus, de uma pessoa caucasiana de olhos claros, foi claramente construída por uma sociedade majoritariamente europeia, sendo que Jesus nasceu no Oriente Médio, podendo haver a possibilidade de Ele ter um tom de pele mais escuro.

Não que o tom de pele importe. Afinal, Ele é Jesus!
Maria, Sua Mãe, age como intercessora principalmente pela oração “rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte”. Através da interpretação da excelente Fernanda Montenegro, Maria é a imagem viva do amor, da compaixão… da figura materna, digamos. Por isso existem tantos grupos devotos a ela, e ao seu amor maternal. Na Bíblia está claro que ela sempre foi muito importante também para Jesus, Lhe dando força, por exemplo, nas bodas de Caná.
E aí chegamos no Diabo, no Lúcifer, esta figura polêmica.

Lúcifer era o Chefe dos Anjos e quis tomar o lugar máximo. Por isso, foi condenado. Mas sua história é construção da mitologia medieval, quando a Igreja tinha uma função muito maior de estabelecedora de leis e poderes nos feudos do que propriamente algo religioso. Existe mal no mundo, claro, mas não podemos culpar simplesmente os esforços de uma figura mitologica, mas muito mais o próprio ser humano, que se afasta de Deus e de Sua Obra.



Publicado por Vinícius Schiavini, Vinícius Schiavini é podcaster, blogueiro, professor, consultor, empresário, Ministro e mais 684 profissões.



Deixe seu Comentário