A “cultura” da certificação é uma das “pragas” que infectam o mundo do desenvolvimento de software e da TI em geral.
Instituições e pessoas sem qualquer experiência real criam processos e avaliam empresas e profissionais com base em critérios duvidosos e, muitas vezes, obscuros.
Hoje existe uma série de metodologias e processos desenvolvidos por acadêmicos, que passam a maior parte do tempo estudando a teoria e criando software científico experimental. Essas pessoas podem ter boa vontade, mas não estão acostumadas com o dia-a-dia do desenvolvimento para clientes “reais”: empresas que esperam que o software seja a solução milagrosa para todos os seus problemas e investem muito nisso.
Baseadas nessa experiência acadêmica, essas pessoas criam processos que não condizem com a realidade do mercado comercial e emitem certificações de acordo com critérios igualmente irreais.
Resumindo: certificam que você está usando um processo que não serve para o seu negócio (pode até servir para criar software que controla foguetes, mas não para o que a grande maioria das software houses cria).
Além das certificações para empresas, há também a delicada questão das certificações para os desenvolvedores (MCP, SCJP, Scrum Master etc). Fico me perguntando o que é que essas certificações garantem? Que alguém decorou centenas de linhas de código e esqueceu dias depois?
Bons desenvolvedores não precisam de certificação. Eles são bons em qualquer plataforma e ponto. Isso não significa que não existam bons desenvolvedores certificados, mas que uma grande massa de desenvolvedores medíocres utiliza das certificações para se “pendurar” em algum emprego que paga bem e ficar lá enganando. Em geral, essas certificações avaliam o “domínio” de técnicas em determinada linguagem ou plataforma, sequer chegando perto de avaliar se uma pessoa sabe ou não sabe desenvolver bom software.
Certificações também são utilizadas por selecionadores de mão de obra que são leigos em tecnologia. Como não sabem como avaliar um desenvolvedor de software, ordenam os currículos por número de certificações e, bingo, acreditam ter selecionado os melhores.
Assim como o Vinícius Teles em seus podcasts, acredito que nesses casos o que acontece é bem semelhante a uma prova escolar: os alunos decoram toda a matéria, fazem a prova e, pouco tempo depois, já não se lembram de mais nada. O conteúdo realmente absorvido é muito pouco.
Jamis Buck escreveu um excelente post sobre o assunto.
Aqui vão alguns destaques:
Como regra geral, acredito que certificações são uma piada. Pura e simplesmente. (…) A simples idéia de que um teste pode, de qualquer maneira, implicar em competência é de se gargalhar.
Certificação pode produzir programadores competentes? Eu digo “não”. Se você é certificado e competente, então você era competente antes de ser certificado.
Certificações são usadas principalmente por tomadores de decisão ignorantes como um discriminador. Logo, se alguém quer ser notado por um tomador de decisão, precisa passar no teste. É a certificação pela certificação. Isto encoraja qualquer coisa, menos o aprendizado. Encoraja mediocridade em larga escala, causada por pessoas memorizando exatamente o que o teste exige e nada mais. Encoraja aprender fora de contexto. Encoraja a cópia no lugar de pensamento criativo.
Publicado por Pastor Claybom, pai apaixonado, nerd como marca de nascimento, geek por paixão, adorador por excelência. Enfim, um servo de Deus que tenta entender tudo o que Ele nos oferece no dia a dia.
Concordo em gênero numero e grau.