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Igreja x imprensa

Pastor Omar de SouzaEste é um assunto comentado e debatido de tempos em tempos. O quanto há de verdade no pensamento corrente entre os evangélicos de que a imprensa nos persegue? Conversamos com um jornalista que tem passagens por veículos crentes e não crentes para nos dizer o quanto esta percepção procede.

Omar de Souza é pastor e jornalista formado pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, com passagens por jornais como Jornal do Brasil, Estado de São Paulo e O Dia, Editora Record e assessoria de imprensa na Câmara Municipal de São Paulo. É também fundador das revistas Igreja, Consumidor Cristão e co-fundador das revistas Vinde (atual Eclésia) e Ictus (segunda fase), entre outras. Atualmente dirige a Editora Integral em São Paulo.

A imprensa vive uma guerra velada contra a igreja?

Omar – Para ser sincero, não acredito nisso. Não acho que exista uma “teoria da conspiração” cujo alvo seja a igreja, a não ser na dimensão espiritual. Penso, sim, que haja jornalistas que considerem as igrejas como ótimos alvos de matérias de crítica ou denúncia. E o mais triste é que nunca lhes falta pauta, pois as igrejas têm sido pródigas em oferecer escândalos. Essa predisposição de alguns jornalistas seria equivalente a de outros (e até dos mesmos) em relação à polícia ou aos políticos, ou seja, estão sempre esperando que alguma dessas instituições cometam algum deslize para denunciá-lo. E se pensarmos nessa questão sem paixão, chegaremos à conclusão de que o que se espera dessas instituições é sempre uma atitude ética, coerente com o discurso que professam. Se dizemos que somos transformados por Deus em agentes de justiça, de ética, é natural que a imprensa cobre esse comportamento.

Alguns afirmam categoricamente que os evangélicos são perseguidos pela Rede Globo. Qual a sua visão sobre isso?

Omar – É possível que o bom relacionamento que a Globo sempre tentou manter com a Igreja Católica (que continua sendo a que reúne mais adeptos no país) tenha, de alguma forma, “contaminado” a maneira de tratar os evangélicos, mas acho exagero falar em perseguição. Houve, naturalmente, casos específicos, como a disputa com a Rede Record, que acaba respingando na Igreja Universal do Reino de Deus, e as denúncias recentes contra a Renascer. É claro que não se pode considerar a Rede Globo uma aliada, até porque ela não tem obrigação de ser. Além disso, pensando em termos bem comerciais, acredito que nem interesse à Globo perseguir um segmento que, a permanecer no ritmo atual, pode chegar a ser majoritário em mais algumas décadas.

Por que muitas das boas ações sociais praticadas pelas igrejas não são notícia?

Omar – Acredito que pelo mesmo motivo que mencionei na primeira resposta: essa é a nossa obrigação. Nenhuma mãe vira notícia porque alimenta o filho todo dia, da mesma forma que nenhum pastor deve se achar digno de protagonizar uma reportagem pelo fato de ser um bom cristão. É claro que a divulgação de trabalhos realizados de acordo com a nossa missão como cristãos poderiam incentivar outras iniciativas, mas aí entra uma questão histórica da imprensa, e não apenas a brasileira: a catástrofe, o crime, o escândalo chamam mais atenção e vendem mais ou proporcionam mais audiência. Há, ainda, outro fator que só depende de nós: os evangélicos, de modo geral, não sabem se relacionar com a imprensa. Consequentemente, não sabem divulgar as boas realizações. E aí não se trata de uma questão de se vangloriar nas obras, que obviamente não têm valor celestial algum, mas de potencializar os resultados e o alcance de nossa missão por meio da divulgação de informações. Sem contar com o fato de que, quanto mais transparentes somos, mais confiança inspiramos.

O que explica o fato de um show sertanejo de 10-20 mil pessoas ser notícia enquanto um outro show gospel que reúne 1 milhão de pessoas nem sequer é mencionado pela imprensa? Falta divulgação do nosso lado?

Omar – Sim, até certo ponto, como mencionei na resposta anterior – apesar de achar difícil hoje em dia a imprensa ignorar um ajuntamento de 1 milhão. Mas há que se considerar outros fatores, como os mecanismos do marketing. Por exemplo, se um grupo como o Oasis vem ao país, ganha primeiras páginas de todos os suplementos de cultura e entretenimento dos jornais, espaços generosos nas rádios e TVs, na internet, mesmo que se apresente uma só vez em um ginásio para 20 mil pessoas. Um artista evangélico, por mais famoso que seja, não recebe o mesmo tratamento porque não é considerado celebridade. Algumas igrejas e empresas de orientação cristã estão tentando reproduzir esse sistema, e ainda não sei bem a serviço de qual interesse.

Qual deve ser a postura e a estratégia das igrejas para conseguir espaço nos veículos de comunicação?

Omar – A primeira atitude deve ser a transparência. Temos de assumir nossas virtudes, mas também nossas mazelas – talvez seja até interessante que nos humanizemos mais e, assim, nos identifiquemos com o próximo, como Jesus fez. Se uma igreja ou denominação tem coisas a esconder, a imprensa desconfia. E pensando bem, nós mesmos deveríamos desconfiar. Não somos empresas para termos segredos industriais ou corporativos. É claro que há informações de consumo interno, mas existem outras que, se estiverem de acordo com a lei e, sobretudo, com a missão, não precisam ser sonegadas. O segundo passo é a divulgação do trabalho da igreja na comunidade onde está instalada, o bairro, a região, a cidade. As pessoas precisam conhecer o que aquela igreja tem para oferecer, e isso só acontece quando a igreja se manifesta. O passo seguinte é estabelecer diálogo com os veículos de comunicação, como jornais (incluindo os do bairro), rádios, TVs. É importante deixar claro ao jornalista que ele pode pensar na igreja como uma referência ao abordar não só questões de fé, como de engajamento, de participação social, de ações afirmativas. Leva tempo, mas as igrejas, denominações e lideranças que fazem isso ganham o respeito da imprensa.

Toda igreja deveria ter um assessor de imprensa? Em que situações ele é necessário? Seria ele o responsável por “defender” a imagem da igreja?

Omar – Não necessariamente, até porque a maioria delas não tem demanda para ter um assessor. Mas algumas precisam, pois a necessidade de um assessor de imprensa é proporcional à presença dessa igreja na mídia – e falo não apenas da mídia convencional, mas também a do próprio segmento. O trabalho de um assessor é necessário, por exemplo, quando uma igreja está realizando um forte trabalho social em uma comunidade carente que está chamando a atenção da imprensa, ou durante uma programação de grande porte. Há, naturalmente, o que se costuma chamar “administração de crises”, quando o assessor se torna a voz da igreja, organização ou denominação em um momento delicado. Mas o bom assessor não é necessariamente o que defende a sua organização de maneira inconsequente, e sim o que consegue administrar esse relacionamento com a imprensa de maneira que seja estabelecida a confiança mútua: a organização entende e apóia o trabalho dos jornalistas que, por sua vez, respeitam e dão espaço às manifestações da organização.

Que técnicas ou ferramentas um assessor de imprensa (contratado ou free-lancer) pode utilizar para trabalhar a imagem da igreja?

Omar – Em geral, assessores de imprensa são jornalistas formados, alguns deles com anos de experiência “do lado de lá”, isto é, dentro de jornais, e por isso conhecem as demandas de seus colegas de profissão. Dependendo da organização para a qual trabalham, podem se valer de informativos impressos e virtuais, distribuição estratégica de releases e avisos de pauta etc. Mas é importante ressaltar que qualquer igreja ou organização pode preparar equipes internas para fazer um ótimo trabalho de divulgação e relacionamento com a imprensa, mesmo que não disponha de um assessor. É uma questão de treinamento, de orientãção. Estou preparando um seminário sobre o tema que pretendo ministrar a igrejas e organizações que tenham interesse em potencializar sua comunicação interna e externa.

Que conselhos você daria para líderes e pastores que não sabem como se relacionar com os veículos de comunicação?

Omar – É difícil resumir tudo aqui em um parágrafo já que é preciso abordar a questão de maneira ampla e oferecer instrumentos e mecanismos práticos para atingir esse e outros objetivos. Mas não poderia deixar de dar um conselho: não temam a imprensa, pelo contrário, tentem estabelecer um diálogo, uma relação de confiança.

Entrevista com Omar de Souza publicado em 11.05.2009
Fonte: Instituto Jetro



Publicado por Pastor Claybom, pai apaixonado, nerd como marca de nascimento, geek por paixão, adorador por excelência. Enfim, um servo de Deus que tenta entender tudo o que Ele nos oferece no dia a dia.



Um Comentário para “Igreja x imprensa”

  1. jurandir disse:

    1ªsamuel 2:13-16:“O costume daqueles sacerdotes com o povo era que,oferecendo alguém algum sacrifício,estando-se cozendo a carne,vinha o moço do sacerdote,com um garfo de três dentes em sua mão;E enfiava-o na caldeira,ou na panela,ou no caldeirão,ou na marmita;e tudo quanto o garfo tirava,O SACERDOTE TOMAVA PARA SI;assim faziam a todo o Israel que ia ali a Siló.O moço do sacerdote dizia ao homem que sacrificava:Dá essa carne para assar ao sacerdote;porque não receberá de ti carne cozida,mas crua.E,dizendo-lhe o homem:Queime-se primeiro a gordura de hoje,e depois toma para ti quanto desejar a tua alma,então ele lhe dizia:Não,agora a hás de dar,e,SE NÃO,POR FORÇA A TOMAREI”.
    O sacerdote Tobias,fez uma câmara particular para desviar dízimos,então foi expulso pelo sacerdote Neemias,que mandou limpar e preparar as câmaras e celeiros de dízimos para alimentar os fiéis e necessitados,por isso então todo o Judá voltou a dar dízimos do grão aos celeiros.Neemias 13:9,12(Mateus 21:12 Siga esse exemplo de quem você diz que a ama com todas as suas forças acima de tudo)
    Obs:A cura não vem de uma palavra profetizada, ela acontece no mesmo instante que se fala,pode acontecer em qualquer lugar ,é comprovada no mesmo instante, é 100%. João 4:52,53 Jesus nunca pregou o evangélio dizendo que Ele fez isso ou aquilo”Se eu testifico a respeito de mim mesmo,o meu testemunho não é verdadeiro. João 5:3

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